Congresso internacional em Xique-Xique aborda literaturas e culturas africanas

Nota: subindo a matéria, já que o evento começa amanhã

Xique-Xique, localizada na mesorregião do Vale do Rio São Francisco, vai receber entre os dias 21 e 24 de setembro o II Xirê das Letras: Giros da Resistência – Congresso Internacional de Línguas, Literaturas e Culturas Africanas e Afro-americanas.

O evento, que acontece no auditório do Campus XXIV da UNEB e no Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, vai reunir escritores e pesquisadores brasileiros e de países como Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Portugal, Caribe e Canadá.


Haverá ainda a participação de comunidades remanescentes dos quilombos, além de pescadores, trançadeiras de rede e do povo-de-santo do município.


“Todos integrarão esse xirê, no intuito de fazer girar uma multiplicidade de vozes e epistemes sobre as africanidades”, pontua João Rocha, diretor do Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias (DCHT) do campus, lembrando que xirê é um termo utilizado para denominar a sequência na qual os orixás são reverenciados ou invocados durante cultos a eles destinados.


O congresso está sendo organizado pelo Núcleo de Pesquisas e Estudos Multidisciplinares Africanos e Afro-Americanos (Ayoká-Kianda), vinculado ao Núcleo de Pesquisa e Extensão (Nupex) local.


As inscrições estão abertas até o primeiro o dia do evento. A taxa varia de R$ 45 a R$ 115. Caso o participante não queira receber certificado, não será necessário o pagamento da inscrição.

Programação

A programação do encontro inclui exposições, lançamento de livros, conferências, mesas-redondas, minicursos, oficinas, apresentações culturais e homenagens.

“As oficinas de cozinha baiana, penteados afro e ritmos angolanos serão oportunidades de se estabelecer contato mais próximo com comunidades ribeirinhas e remanescentes de quilombos, além de pescadores. A ideia é acolher públicos diferenciados”, comenta a professora Lise Dourado, coordenadora do evento.

Estão convidados para a abertura do congresso o reitor da UNEB, Lourisvaldo Valentim, a ex-reitora da universidade, Ivete do Sacramento, o diretor do Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos (Cepaia) da instituição, Wilson Mattos, o adido cultural da Embaixada de Angola no Brasil, Camilo Afonso, e o escritor de Cabo-Verde Filinto Elísio.

A Rádio Nacional de Angola fará a cobertura da programação.

Homenagens

Durante o congresso, líderes de religiões de matrizes africanas de Xique-Xique serão homenageados.

“A homenagem, que passa a ser chamada Abdias do Nascimento (1914-2011), é para quem trabalha para manter a cultura afro-brasileira. Ela será destinada a escritores, ativistas políticos e culturais, além de religiosos. É a academia reconhecendo o trabalho que acontece além dos seus muros”, pontua professor João Neto, coordenador do Nupex.

Pioneiro da luta contra o racismo no Brasil, Abdias foi condecorado em 2008 com o título de doutor honoris causa da UNEB, instituição pioneira em ações afirmativas no país.

Abdias Nascimento nasceu em Franca, interior de São Paulo, em 14 de março de 1914. Foi, além de ator, poeta, artista plástico, diretor e dramaturgo, militante da luta contra a discriminação racial e pela valorização da cultura negra. Foi ainda deputado federal, senador e secretário de estado.

A última homenagem em vida ao ativista negro foi a criação do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento, lançado há cerca de 15 dias pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro. Ele morreu no último dia 24 de maio, aos 97 anos.

Informações: Nupex/Campus XXIX – tel. (74) 3661-1710 e http://iixiredasletrasuneb.blogspot.com.

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