O computador grita, o celular vibra. É bate-papo no MSN, recado no
mural do Facebook, mensagem direta no Twitter, tudo para tirar a
concentração dos vestibulandos. Enquanto alguns viram as costas para a
tecnologia e metem a cara nos livros, há quem diga ser impossível não
ceder à tentação de ficar conectado. Professores apontam o meio termo
como ideal, mas, na prática, é bem difícil encontrar esse equilíbrio.
No Colégio Palas, do Recreio, a tentativa de tirar proveito das
redes sociais para estudar foi a criação de um grupo no Facebook pelos
alunos do último ano, uma evolução da comunidade que já existia no
Orkut.
- A primeira coisa que faço ao acordar é ligar o computador. E só
desligo antes de dormir. Faço até grupo de estudos no Skype. No
Facebook, as pessoas tiram dúvidas umas com as outras, e o site serve
de "muro das lamentações" depois das provas. O pessoal também lembra as
datas de inscrições de provas. Eu mesmo teria perdido vários prazos -
conta Vinicius Pezza, um dos mediadores.
Apesar de sua turma permanecer unida até na internet, Igor
Carvalho, colega de Vinicius, prefere ficar totalmente desconectado. A
única coisa que não consegue evitar são os telefonemas aflitos nas
vésperas de prova.
- Eu tenho Orkut, MSN, mas não entro em nada, só no e-mail da
turma para ver o material que os professores mandaram. Se você entrar,
fica preso: tem jogo, música, notícias, os amigos. Se cair na rede, é
difícil sair - diz Igor, para depois admitir que também entra no
Facebook, mas só para tirar as dúvidas da galera.
No Colégio Notre Dame do Recreio, os responsáveis por tirar o
foco, especialmente das meninas, são os smartphones. Se os aparelhos
vibram e apitam, elas não deixam mensagem alguma sem resposta. Mas sem
exageros, elas juram.
- Eu usava mais no ano passado. Mas, este ano, eu estudo e fico
on-line ao mesmo tempo. Inclusive coloco no Facebook quando estou
estudando. Quando o celular apita com notificação, não tem como não
responder - afirma Leticia Rondow, aluna do último ano da escola.
Marcos Junny, da turma de Leticia, abandonou completamente as
redes devido ao vestibular. Sem tempo, o rapaz diz que, se fosse entrar
no Facebook todo dia, viveria em uma greve de fome forçada.
- Eu passo o dia inteiro na escola, chego em casa, como, tomo
banho, vou estudar e dormir. Se eu ficar conectado, vou ter que parar de
comer - comenta, em tom dramático.
Célia Regina, coordenadora da Palas, acha positivo o uso das redes sociais, principalmente quando voltadas para o aprendizado:
- Eu mesma converso com alguns alunos pelo Facebook. Já cheguei à escola hoje (segunda) sabendo como foram na prova da Uerj.
Elisa Lacerda, coordenadora do Notre Dame Recreio, diz que é preciso foco.
- Eles conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo, mas no
vestibular é preciso foco para usar as redes sociais. Se entrar, deve
ser com um objetivo, porque se não, corre o risco se perder - defende
Elisa.
0 Comentários