A história do Pelourinho se confunde, em
muito, com a história da própria cidade de Salvador, que Tomé de Souza,
primeiro Governador Geral do Brasil, fundou em 1549, vindo com ordens
expressas do rei de Portugal para construir uma “cidade fortaleza”.
Feita em caráter de urgência e preocupação, essa medida do Rei de
Portugal, D. João III, atendia à necessidade de defesa da nossa terra,
constantemente invadida por corsários que vinham retirar, as riquezas
naturais da então colônia portuguesa, principalmente o pau-brasil e a
cana de açúcar.
Salvador foi escolhida como sede de
governo devido à excelente localização geográfica e estratégica posição
econômica, como principal porto de carga e descarga de mercadorias de
todo o Nordeste. Logo que chegou aqui, Tomé de Souza tratou de cumprir
as ordens do rei, fundando a cidade cujo nome homenageia Jesus Cristo -o
Salvador, no melhor ponto para a construção da “cidade fortaleza”, o
hoje chamado Pelourinho, local ideal de suas pretensões.
As razões que levaram a escolha do
Pelourinho são bastante claras. É a parte mais alta da cidade, em frente
ao porto, perto do comércio e naturalmente fortificada pela grande
depressão existente que forma uma muralha, de quase noventa metros de
altura, por quinze quilômetros de extensão, o que facilitaria a defesa
de qualquer ameaça vinda do mar. Em poucos anos, Tomé de Souza construiu
uma série de casarões e sobrados, na parte superior dessa muralha,
todas inspiradas, evidentemente, na arquitetura barroca portuguesa e
erguidos com mão de obra escrava negra e indígena. Para dar maior
proteção à cidade, o Governador Geral limitou o acesso a apenas quatro
portões, estes totalmente destruídos durante as tentativas sem sucesso,
de dominação da cidade no séc. XVII.
Na verdade, o termo “pelourinho” é o nome
dado ao local onde os escravos eram castigados pelos senhores de
engenho. O “pelourinho” era construído nos engenhos, afastado da cidade.
A fim de mostrar à população sua força e poder, os senhores de engenho
resolveram construir um “pelourinho” no centro da cidade, instalando-o
no largo central, hoje área localizada em frente a casa de Jorge Amado. A
partir daí os escravos eram castigados em praça pública para que todos
pudessem assistir tal demonstração de poder. Devido a esse fato o
“pelourinho” virou ponto de referência da cidade, dando nome ao antigo
centro da cidade, e hoje Centro Histórico de Salvador.
Com o passar dos tempos, o nome
Pelourinho se popularizou, tanto na Bahia quanto no Exterior, passando a
referir-se a toda a área do conjunto arquitetônico barroco-português
compreendida entre o Terreiro de Jesus e a Igreja do Passo.
Durante o séc. XVI e até o início do séc.
XX, o Pelourinho foi o bairro da aristocracia soteropolitana, composta
de senhores de engenho, políticos, grandes comerciantes e o clero, por
isso a forte influência européia na sua arquitetura e o grande número de igrejas num espaço geográfico tão pequeno e, certamente, o mais antigo da cidade.
Foi justamente nessa época que o poder
político da cidade concentrava-se nesse local que ainda tem monumentos
como a Câmara Municipal, sede da Prefeitura, a Assembléia Legislativa e a
sede do Governo do Estado. Porém, hoje em dia, apenas a Câmara e a
Prefeitura continuam com suas sedes no Centro Histórico.
0 Comentários