O Ministério da Educação (MEC) decidiu alterar a forma de correção da
redação do próximo Exame Nacional do Ensino médio (Enem), marcado para 3
e 4 de novembro. A discrepância máxima entre as notas dadas pelos dois
corretores cairá dos atuais 300 pontos para 200. Quando esse limite for
ultrapassado, um terceiro corretor analisará a redação. Segundo o Estado
apurou, nos casos em que nem um terceiro corretor conseguir chegar a um
consenso com os outros dois, a prova será submetida a uma banca
examinadora, que dará a nota final.
O anúncio dessas e de outras mudanças será feito hoje em coletiva de
imprensa pelo ministro Aloizio Mercadante e o presidente do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),
Luiz Cláudio Costa. Desta vez, o edital do processo contemplará um único
exame, e não vários.
Na última edição do Enem, o Inep foi confrontado com processos
judiciais de candidatos que criticaram as notas finais. Foi o caso de
uma estudante carioca que recebeu três notas diferentes: 800 (do
primeiro corretor), 0 (do segundo) e 440 (do terceiro). A mudança na
forma de correção deverá aumentar o número de redações revisadas e
exigir melhor treinamento.
Em entrevista ao Estado logo após assumir o cargo, Mercadante já havia
defendido uma nova forma de corrigir as redações. "Precisamos aprimorar o
critério, pois sempre há componente subjetivo", disse na ocasião.
O pedido de vista da redação do último Enem virou motivo de uma intensa
batalha judicial, até o Tribunal Regional Federal da 5.ª Região (TRF-5)
suspender uma liminar que garantia o acesso às redações.
Um acordo firmado com o Ministério Público Federal (MPF) permitirá que
os estudantes tenham acesso às redações corrigidas apenas para fins
pedagógicos a partir deste ano.
O MEC previa inicialmente a realização de duas provas do Enem neste
ano, mas acabou cancelando a edição prevista para 28 e 29 de abril.
Este será o primeiro Enem sob a batuta de Mercadante, que recebeu da
presidente Dilma Rousseff dois pedidos antes mesmo de assumir o cargo:
solucionar os problemas do Enem e deslanchar o Programa Nacional de
Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
Em 2009, o Estado revelou o vazamento da prova do Enem; em 2010, o
cabeçalho foi trocado no cartão-resposta e algumas provas tiveram erros
de encadernação; no ano passado, estudantes de um colégio particular de
Fortaleza receberam antecipadamente algumas questões da prova, que
depois foram anuladas.
greve. Mercadante criticou ontem o movimento grevista de Professores
das universidades federais, que entrou no seu sexto dia. O ministro
afirmou ter "muitas greves nas costas", mas disse não ver razão para a
deflagração de movimento se negociações estão em aberto.
A paralisação atinge 41 universidades federais e 2 institutos de Ensino
superior. Na terça, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aderiram ao movimento.
"As discussões são uma ficção. O que eles estão fazendo é cozinhar o
galo", afirmou Argus de Almeida, do Sindicato Nacional dos Docentes de
Institutos de Ensino Superior.
MEC
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