Os alunos de instituições particulares de ensino superior dedicam
menos tempo fora da sala de aula aos estudos do que os matriculados em
universidades públicas. É o que mostram os dados preliminares de uma
pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) sobre a
juventude brasileira, divulgados nesta terça-feira, 6.
Os técnicos do Ipea entrevistaram 2,4 mil estudantes de 18 a 24 anos
de duas instituições públicas e quatro particulares de São Paulo e
Brasília.
Segundo o levantamento, 37,1% dos universitários brasileiros utilizam
menos de 5 horas semanais para estudos fora da sala de aula. No outro
extremo, 3,6% dos participantes da pesquisa afirmaram estudar mais de 26
horas semanais fora da sala de aula.
Na amostra da pesquisa detectou-se que 52% dos alunos estudam e
trabalham. Desse grupo, a maior parte (44,7%) declarou separar menos de 5
horas semanais para estudos complementares - "o que é esperado de quem
trabalha e estuda", dizem os técnicos do Ipea.
No entanto, 34,9% dos estudantes que se definiram como desempregados
também utilizam essa mesma quantidade de horas para estudos fora da
universidade.
A pesquisa, que compara a juventude brasileira à chinesa, é resultado
de acordo de cooperação técnica entre o Ipea, a Sociedade Brasileira de
Sociologia (SBS), o Centro de Pesquisa em Infância e Juventude e a
Associação de Pesquisa em Infância e Juventude, ambos da China. Ao todo
2,4 mil jovens do país asiático também foram ouvidos, em Pequim e
Xangai. Agora as informações serão analisadas mais detalhadamente pelos
dois países para a divulgação do texto final.
Perfil
No relatório divulgado nesta terça também constam informações sobre a
escolaridade dos pais dos universitários brasileiros. Segundo a
pesquisa, identifica-se uma relação diretamente proporcional entre o
nível de escolaridade do pai e da mãe e o acesso do jovem ao ensino
superior. "Os participantes desta pesquisa são provenientes de famílias
com maior escolaridade, enquanto os filhos daquelas com escolaridade
mínima – até o ensino fundamental completo – estão presentes em menor
número na universidade", afirmam os autores do estudo. "Contudo, os
dados também revelam um processo de ascensão social para cerca de 50%
dos estudantes da amostra, já que ao entrarem no ensino superior
alcançaram maior escolaridade que seus pais."
No quesito satisfação com o curso de graduação, 74,1% dos
entrevistados disseram que a formação atual foi a primeira escolha ao
ingressarem na universidade - desses, 64,3% informaram estar tão
satisfeitos que não trocariam de curso.
Por outro lado, 14,1% dos estudantes escolheram outro curso após não
serem aprovados na opção de origem. "A análise dos dados indica que o
número de estudantes satisfeitos com o curso que realizam é pelo menos
cinco vezes maior do que aqueles que gostariam de estar construindo
outros perfis profissionais."
Estadão
0 Comentários